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Drones na saúde
  • 23 de julho de 2019
  • Blog

Drones na saúde

 

Um dia desses, “zapeando” entre os canais da televisão, vi a chamada de uma reportagem do Fantástico que falava da utilização de drones no transporte de órgãos humanos. Infelizmente não consegui assistir a reportagem, mas resolvi ir atrás para saber mais a respeito.  

Na reportagem eles mostraram um caso de utilização de drone, nos Estados Unidos, na cidade de Baltimore, transportando um rim para um hospital, onde uma paciente aguardava o mesmo para que fosse feito o transplante. Pode parecer algo até simples, transportar um “objeto” de um lugar para outro. Porém, nesse caso foi preciso o envolvimento de diversos profissionais, entre eles, médicos e engenheiros, para garantir que o órgão chegasse ao destino em plenas condições de ser transplantado. Para isso, foi necessário fazer o controle da temperatura do recipiente onde o órgão seria transportado e o controle do movimento do drone para que o órgão não sofresse nenhum tipo de movimento brusco que pudesse danificá-lo.  

Ok, mas é só para isso que podemos utilizar um drone na área da saúde? A resposta é não! Fazendo algumas pesquisas na internet, pude aprender que esta tecnologia pode ser utilizada de três formas: no transporte de objetos, em cuidados médicos e em buscas ou resgates. 

 

No transporte de objetos 

Nesta forma os drones são utilizados para o transporte, pura e simplesmente, de objetos. Um exemplo deste tipo de utilização é o já citado acima, no caso do transporte de órgãos. Outros exemplos são o transporte de medicamentos, de amostras biológicas (como sangue, urina e fezes), antídotos, suplementos médicos (como gazes, algodão, anti-bactericidas, entre outros). 

Na maioria dos casos se faz necessário um certo nível de acondicionamento do item a ser transportado, salvo nos casos de suplementos médicos, que na sua maioria são itens não perecíveis. 

Acredito que os maiores desafios neste tipo de aplicação foram os mesmos enfrentados pelo caso Baltimore: garantir a temperatura adequada para o transporte dos itens e também uma navegação suave do drone, para assim evitar danificar o objeto. Além disso, uma outra preocupação que deverá se ter é a de garantir que o sistema de controle e de autonomia seja redundante, onde caso haja algum tipo de falha no sistema principal, um sistema de “backup” possa ser acionado. Similar, mas não tão complexo, ao que acontece com aviões, onde é necessário garantir que pelo menos um motor esteja sempre funcionando para que o avião não caia. Pois imagina acontecer algo com um item tão precioso quanto um órgão humano? 

Existem algumas pesquisas no sentido de fazer o transporte de objetos dentro do próximo complexo dos hospitais ou mesmo dentro de um mesmo prédio. Para este tipo de aplicação, seria necessário um planejamento das rotas de entregas dos drones, uma vez que em casos de ambientes internos, o drone não teria acesso ao sistema de GPS. 

Nos cuidados médicos 

Este é um caso de aplicação de drones que ainda está bem incipiente. São casos de utilização no auxílio dos cuidados de pacientes que não estão internados em hospital, porém que requerem um atendimento mais próximo dos profissionais da saúde. Com o drone, seria possível um enfermeiro fazer a coleta de material do paciente e o mesmo ser enviado para o laboratório de análise para que o médico pudesse, remotamente, acompanhar o paciente. O drone também seria utilizado para o envio de medicação para o paciente, onde o médico faria a prescrição e a farmácia enviaria diretamente ao paciente com o drone. 

Em buscas e resgates 

Este é um tipo de aplicação que já vem sendo utilizado em resgates de pessoas em desastres. Nestes casos, os drones são utilizados para encontrar vítimas em meio aos destroços, levar suprimentos (como água e alimento), medicamentos básicos e suprimentos médicos a locais onde é difícil o acesso. Muitas vezes para que este tipo de suprimentos chegue até as vítimas da maneira tradicionais, como carros e helicópteros levaria muito tempo, onde neste caso um drone seria mais ágil. 

Também tem o caso de pessoas perdidas em locais de difícil rastreamento, onde o custo de se fazer a busca por terra fosse muito complexo e via ar, com helicópteros, por exemplo, seria oneroso, então nestes casos a utilização do Drone seria de grande valia. 

 

Por fim, um tipo de aplicação que eu pude, pessoalmente, vivenciar a sua necessidade, foi durante uma corrida de aventura. Há quase um ano participei do “Desafio 28 praias” em Ubatuba. No percurso desta corrida, que era um total de aproximadamente 40km, haviam trechos bem acidentados, muitos deles com a necessidade de se “correr” agarrado a uma corda ou subir montanhas com inclinação super elevada. Durante o percurso, um dos participantes sofreu um acidente no meio da mata, local de difícil acesso para ambulância e até paramédicos. Nesse caso, o drone poderia ser utilizado para monitor o percurso da corrida e, em casos de acidente, levar um kit de primeiros socorros ou outros pequenos equipamentos para que o próprio participante use ou tenha ajuda de outros que estiverem por perto.   

  

E como anda este mercado? 

O mercado na área ainda não é muito vasto, porém tem grande potencial. existem várias empresas que disponibilizam estes serviços, nenhuma delas brasileira, infelizmente. Alguns exemplos são: Medical Drones, Zipline, AirAid, Flirtey, Swoopaero, WingCopter, Wing, HiRO e Matternet. 

Falando um pouco mais sobre as empresas, a empresa Zpline fechou uma parceria com o governo de Ruanda, onde remédios e insumos médicos serão entregues entre as diversas unidades médicas do país com a utilização de drones. a empresa AirAid é uma startup que se propõe a fazer a entrega de bolsas de sangue, insumos médicos e vacinas às áreas rurais da Índia e do Nepal.  

Aqui na empresa onde trabalho, a Venturus, nós já desenvolvemos diversos projetos com a utilização de drones. Um deles que foi feito alguns anos atrás foi um projeto onde o objetivo era de poder controlar um drone através do controle do PS4 e com óculos inteligentes poder visualizar dados sobre o voo, o trajeto que ele está fazendo e as imagens que ele captava de sua câmera acoplada. Neste caso não foi um projeto específico da área da saúde, mas foi um projeto muito interessante a nível de poder se trabalhar com a tecnologia e poder aprender a utilizá-la. 

Dito isso, acredito que temos um mercado muito promissor a ser explorado, principalmente aqui no Brasil, onde este tipo de tecnologia ainda não foi muito utilizado para esses fins e onde nós, como um país enorme, teríamos muitos ganhos neste tipo de tecnologia, uma vez que poderíamos chegar com mais rapidez e facilidade aos diversos cantos do país