- 12 de janeiro de 2021
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Blockchain pode dar um fim aos currículos fake?
O currículo — seja virtual, em portais de vagas de emprego, seja impresso, levado pessoalmente pelo candidato à entrevista — é o primeiro contato do candidato com a pessoa que pode alavancar sua vida profissional a partir de uma contratação. Ele traz a vida escolar e profissional completa do candidato e cabe ao escritor enfatizar um ou outro ponto que sejam mais interessantes, que tenham mais apelo na hora da decisão da contratação.
Com isso, é muito comum vermos ênfases em cursos no exterior, em universidades de renome no país, pós-graduações, inglês fluente, entre tantas outras informações que favoreçam o candidato na hora da contratação.
Por exemplo, no dia 8 de abril de 2019, Abraham Weintraub foi nomeado Ministro da Educação e anunciado, pelo Presidente da República, como “doutor” em economia, embora tenha apenas mestrado em Administração. Anúncios à parte, há outros casos de aumento de titulação em cargos políticos.
Um caso muito notório é o da ex-Presidente Dilma Roussef, que, em seu currículo Lattes, informou mestrado e doutorado na UNICAMP, sendo que, na realidade, ela não detinha os títulos, pois não havia conseguido finalizar a elaboração e defesa da dissertação ou tese. Outro exemplo é de Aloísio Mercadante que, em debate na TV Gazeta em 2006, disse ser Mestre e Doutor em economia, mas, na verdade, ele só se tornaria doutor em 2010, após a defesa de sua tese.
Exemplos como esses mostram que mesmo pessoas públicas, que terão as informações divulgadas verificadas pela imprensa, ainda “faltam com a verdade” em seus currículos.
Registro do histórico escolar na Blockchain

Tecnologia como aliada na documentação escolar
Uma tecnologia muito interessante que pode por um fim aos currículos fake e problemas na documentação estudantil é a Blockchain. Ela funciona como um livro razão, no qual registros ou transações são armazenadas de maneira imutável e descentralizada.
Cada bloco da corrente é interligado sequencialmente e de maneira cronológica com seu antecessor. Para saber mais detalhes de como a Blockchain funciona, leia nosso artigo “O que é Blockchain?”.
São muitas as informações acadêmicas de um aluno: frequência de presença nas aulas, conteúdo das disciplinas ministradas, notas de trabalhos e provas, por exemplo. Essas informações geralmente são documentadas em meios físicos, através de relatórios assinados por professores ou registradas em sistemas acadêmicos.
Contudo, esses sistemas podem ser hackeados, gerando inconsistências no histórico escolar de um aluno. Com a utilização da Blockchain, toda e qualquer informação acadêmica poderia ser registrada em uma transação na “corrente de blocos”. Essa ação poderia ser feita pelo professor, com a utilização de uma assinatura digital, garantindo a segurança e integridade das informações.
Como todo esse registro acadêmico é imutável, faz todo o sentido o seu armazenamento na Blockchain. Isso também permite a rastreabilidade das informações, pois em todo bloco da corrente fica registrado quem efetivou a transação e quando. Cada bloco, dessa maneira, armazenaria toda a vida escolar do aluno e essa corrente cresceria à medida em que ele vai cursando e concluindo as matérias.
Dessa forma, ao final do curso, o histórico escolar do aluno está completamente documentado de forma segura. As instituições de ensino poderiam, então, emitir diplomas e certificados digitais dos alunos, contendo os seus registros acadêmicos. Isso seria de grande valia para empresas e recrutadores que estão à procura de candidatos, pois seria possível verificar se as informações fornecidas nos currículos são realmente verídicas.
Ou seja, a informação fornecida em um currículo só será verdadeira se a instituição em questão puder emitir a certificação digital de tal formação. O próprio candidato poderia compartilhar essa certificação com as empresas de maneira segura, através de tokens de acesso. Isso garantiria a segurança e validade das informações compartilhadas.
Além disso, a geração do certificado de conclusão de curso ou diploma de maneira digital seria muito rápida, se comparada ao modelo tradicional de impressão com assinatura de professores e reitores de universidades.