- 8 de outubro de 2019
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Aplicando a tecnologia 5G na saúde
A Venturus, desde sua fundação, sempre trabalhou com parceiros na área de telefonia. Um dos clientes mais antigo que temos nesta área é a Ericsson, uma das maiores empresas do setor. Além do conhecimento que possuímos na área, ainda temos um laboratório de simulação de redes 3G e 4G certificado pela ISO 17025, que é utilizado pelos clientes para diversas tarefas que envolvem a utilização dessas redes. Por esses motivos, temos muito interesse em saber mais sobre a nova geração da tecnologia de telefonia móvel, a 5G.
Menos de dois meses atrás, o professor Doutor da Unicamp Gustavo Fraidenraich foi convidado a ministrar uma palestra sobre a tecnologia 5G aqui na Venturus. Essa palestra teve o intuito de falar dessa tecnologia que está por vir ao Brasil, dando ênfase nos seus principais desafios tecnológicos. Com essa introdução, eu, como desenvolvedora de soluções, pude ter uma ideia de quais os benefícios e aplicações que poderão ser desenvolvidas a partir da chegada da tecnologia 5G.
Ao assistir à palestra, lembrei– me da época em que fazia faculdade, quando a “moda” era o telefone celular. Naquela época, ter uma linha de celular era para os poucos sortudos que tinham sido contemplados com o sorteio das linhas. Ao mesmo tempo em que a nova tecnologia chegava, muitas dúvidas começaram a surgir com relação aos riscos da “poluição” que poderia ser causada pelas ondas eletromagnéticas emitidas pelos aparelhos e suas estações de rádio base.
Pensando nisso tudo e alinhando com os meus interesses na área da saúde, resolvi escrever este artigo para falar um pouco do que é a tal rede 5G, quais serão os seus benefícios para a área da saúde e, também, tratar um pouco dessa preocupação que temos com relação aos impactos da radiação eletromagnética proveniente das redes de telefonia móvel nas nossas vidas.
O que é 5G?
O 5G é a nova geração de telefonia móvel (o que chega até a ser engraçado, pois, hoje, ninguém mais usa o telefone para transmitir fala e, sim, para transmitir dados). Essa nova tecnologia vem trazendo uma maior velocidade de comunicação: comparada à atual rede 4G, deve ser até 100 vezes mais rápida. Ela terá uma latência não superior a 10ms e uma novidade é que se poder fazer a divisão das bandas, possibilitando que serviços possam ter bandas exclusivas. Além disso, a rede 5G será muito mais estável e segura que as atuais e aceitará um maior número de dispositivos conectados.
Mas, por que isso não é possível com as redes móveis atuais? Por causa da faixa de frequência com que elas atuam, principalmente. A tecnologia 5G vai utilizar faixas de altíssima frequência de ondas eletromagnéticas, algo acima de 6 GHz, além de algumas faixas das tecnologias anteriores.
Para a implantação desta nova rede, a quantidade de antenas que deverão ser instaladas é bem maior do que a das tecnologias atuais, pois as ondas de frequência alta possuem um raio de alcance menor e são muito suscetíveis a obstáculos, como prédios.
E o que 5G vai agregar à área da saúde?
Como a velocidade de transmissão de download e de upload será maior, será possível o envio de conteúdo digital de alta qualidade de forma mais rápida e em tempo real. Isso vai permitir diversas aplicações na área da saúde, como o envio de exames de imagem em alta resolução, a possibilidade de médicos fazerem procedimentos cirúrgicos remotos com o auxílio de médicos robôs, assim como o uso de ferramentas como realidade virtual em tratamentos e treinamentos.
Se considerarmos que 5G vai permitir a inclusão de diversos dispositivos em uma mesma rede, cria-se a possibilidade de monitoramento remoto dos pacientes através da utilização de dispositivos vestíveis (ou wereables), dispositivos médicos implantáveis e dispositivos de sensoriamento e monitoramento remoto interno ou externo. Com isso, seria possível que o paciente continue a sua recuperação em casa, sendo assistido do mesmo modo como se estivesse em um hospital.
E, claro, uma vez que a cobertura da rede deve ser maior, a capacidade de alcance do atendimento remoto será maior também.
E tem perigo?
Como falei na introdução desse artigo, a preocupação sobre o impacto da radiação resultante das redes de telefonia móvel na saúde já vem desde a criação da dessa indústria. Por isso, existem entidades como a ICNIRP (International Commission on Non-Ionizing Radiation Protection ou Comissão Internacional de Proteção de Radição Não Ionizante), que se destinam a estudar e avaliar os possíveis danos que a ondas eletromagnéticas possam vir a causar aos seres humanos.
A ICNIRP não somente avalia as radiações da telefonia móvel, mas de todas as ondas que nos envolvem (por exemplo, bluetooth, wifi, rádio e televisão). A comissão propôs normas e regras de utilização das bandas de frequência a fim de minimizar possíveis impactos na saúde. Além disso, já publicou várias pesquisas que mostram que os riscos avaliados com relação à saúde ainda são desprezíveis, pois, uma vez emitidas, as ondas seguem os limites de potência das ondas eletromagnéticas estabelecidos nas normas internacionais.
Podemos concluir que sim, a tecnologia 5G tem muito a contribuir e transformar a área da saúde. Com ela, podemos ter melhorias, desde o acesso aos exames e avaliações, até no desafogamento dos hospitais, uma vez que muitos pacientes poderão ser avaliados, monitorados e atendidos remotamente. Além disso, a tecnologia não deve oferecer riscos à saúde, uma vez que existem órgãos especializados em monitorar os efeitos dela no meio ambiente.